Precisamos falar com naturalidade sobre obesidade e cirurgia bariátrica
jul 25
A primeira coisa que precisa ficar clara é que ninguém – absolutamente ninguém – ESCOLHE ser gordo. A vida de uma pessoa gorda não e fácil. Parece óbvio falar, mas ninguém é gordo porque acha bacana. A sociedade não foi pensada para quem é acima do peso e todas essas pessoas passam por humilhações diárias, o que causa impactos físicos e psicológicos seríssimos. A gordofobia é cruel demais (e mata!) e ninguém, por livre e espontânea vontade, opta por estar nessa situação de vulnerabilidade tão desumana. Dito isso, posso afirmar que hoje, aos 36 anos, entendo claramente que eu não era uma criança obesa e muito menos fui uma adolescente sequer acima do peso: eu apenas sempre fui bem alta e fora do padrão ‘menina minhonzinha’ que quase todas as outras meninas da minha turma, amigas e colegas, se enquadravam. Mas na época, simplesmente me achava gorda, porque naturalmente pesava mais que elas. E, para ser honesta, acredito que muitos dos meus amigos e colegas da época acreditam até hoje que eu era a amiga gorda, embora ninguém verbalizasse isso, afinal, sempre fui a amiga gorda legal, inteligente, simpática. E estaria tudo bem, se não fosse pelo fato de nesta época eu não era gorda. Durante toda minha adolescência, fiz natação, além de ballet clássico e moderno todos os dias da semana, em aulas duríssimas, que não só tinham um gasto calórico altíssimo, mas que me deixavam com um corpaço: barriga dura, bunda no lugar, braços e coxas delineados. Mas ainda assim eu não era magra. Eu nunca fui magra, eu nunca fui padrão ‘garota Capricho’ ou atriz de ‘Malhação’. Essa distorção de imagem foi tão forte, que eventualmente acabei me tornando aquilo que sempre achei que era: fui engordando ano após ano, já na idade adulta. Por muito tempo culpei meu ganho de peso a um relacionamento tóxico e abusivo que tive durante anos (e qualquer dia que me sentir segura, conto mais sobre isso), mas hoje entendo que foi uma somatória de fatores que me levaram a compensar tudo com a comida: neste mesmo período, tornei-me workaholic, almoçava fast food na mesa do trabalho, olhando a tela do computador, e jantava miojo à meia-noite. Abandonei todas as...
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