Tem dias que são assim…
jun 10
Angustiantes, solitários, tristes. Uma terça-feira mais feia que as demais. Dia cinzento, nublado, frio. Nada ajuda. Na playlist, músicas deprê. Ao redor, o bom humor das pessoas não te contagia, pelo contrário, desanima ainda mais. Cadê a vontade de sorrir? Ao invés disso, os olhos enchem de lágrimas a cada dois minutos por qualquer motivo, ou motivo algum. Tento mudar o foco. Não existe razão para essa insatisfação. Mas, quem se importa com os por quês? Só quero aliviar esse aperto no peito e não me sentir mais tão sozinha. Aliás, que tipo de solidão é essa, que vem do nada e vai para lugar algum quando estamos rodeados por uma multidão? Acho que essa é a pior de todas. Não estamos sós, nos sentimos únicos, uma espécie que não pertence a um grupo. Isolados nesse lugar onde o que mais falta é espaço para sermos nós mesmos. Respiro fundo (dizem que isso sempre ajuda). Mas, o ar parece não entrar, estou sufocada. Quero ir embora, fugir… sumir. Pra onde? Não sei. Mas, nesses dias sinto uma vontade enlouquecedora de recomeçar do zero. De ser quem eu não sou, estar onde não estou, conhecer quem não conheço, fazer o que não faço. Volto à razão. Sumir é impossível. Fugir não é viável. Minhas pernas impacientes não param por um segundo. Sou tomada por uma ansiedade incontrolável. Meu estômago está embrulhado. Não sinto fome (isso me preocupa, e me alegra, pelo menos algo de bom). Quero dormir. Essa é minha fuga possível. Mas, sem sonhar, tenho medo do que meu inconsciente reserva pra mim. Choro em busca de alívio. As lágrimas escorrem, mas com elas não partem os sentimentos de dor. Fecho os olhos e me perco na minha única e verdadeira esperança. Amanhã é outro dia e pode ser que esse não seja assim. Fernanda Barreira, 28 anos, é jornalista, paulistana da gema, solteira e corintiana roxa. É conhecida por ser do contra e intolerante, mas promete respirar 327 vezes antes de escrever algo que de algum modo incomode alguém… ou não. É pagar pra...
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